Rio de Janeiro
20.10.2025Nesta terça-feira (07/10), alunos da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro participaram da cerimônia de entrega do Prêmio Rio de Letras 2025, no Theatro Municipal do Rio, Centro da capital. Em uma parceria entre a Secretaria Estadual de Educação, a Firjan SESI e a curadoria da Academia Brasileira de Letras (ABL), a iniciativa contou com a seleção de 58 crônicas, contos e poesias de alunos do Ensino Médio da rede Seeduc-RJ e da Firjan SESI. Os textos, que tiveram como tema ‘A humanidade e a natureza’, foram selecionados pelos imortais e reunidos em um livro lançado durante o evento. Cerca de 2 mil presentes – alunos, professores, pais e convidados – assistiram às apresentações artísticas, como a performance do ator Jonas Bloch; o ‘slam’ das poetas Sabrina Azevedo e Laura Conceição; as intervenções da personagem Gaia, a Mãe Terra; o som da Orquestra de Rua, projeto social sob a curadoria de Pablo Uzeda; e o pocket show de Jota.pê. A apresentação do evento contou com Thalita Rebouças e Lázaro Ramos.
— É muito bom ver todos contando histórias. A leitura é fundamental para a construção social. Acho que só formamos o leitor quando a gente começa contando histórias que encantam. Quem lê bem escreve bem. Ler é independência para garantir, da forma mais correta, nossas próprias escolhas. Essa iniciativa evidencia a relevância da leitura e da escrita para a nossa formação, pois nos tornam cidadãos mais críticos e engajados. E é uma honra termos, em nossa rede, alunos autores, com lindas obras — disse a secretária estadual de Educação, Roberta Barreto.
A premiação dedicou primeiros, segundos e terceiros lugares em cada categoria –Crônica, Conto e Poesia – a estudantes do primeiro, segundo e terceiro ano do Ensino Médio, separados por escolas da rede estadual de ensino e da Firjan SESI. Também receberam menções honrosas quatro trabalhadores da indústria fluminense.
Foram premiados 29 estudantes de escolas da rede Seeduc-RJ de todas as regiões do estado. Entre eles, o estudante Rafael de Araujo Mendes, de 18 anos, do Colégio Estadual Alexander Graham Bell, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, contou que a premiação trouxe uma “confluência de emoções”.
— Sou um aluno atípico, sou autista. Para mim, que sempre tive dificuldades para me comunicar de forma verbal, escrever sempre foi uma muleta. Antes, nunca fui visto, por isso, esse é um momento único. Minha relação com a escrita nem sempre foi estável e nunca liam meus textos de verdade. Mas a motivação veio em meados de 2021, quando encontrei um grupo de amigos que mostrou interesse pelo o que eu escrevia. Também passei a participar de um projeto da escola, o Clube da Escrita, coordenado pelo professor Carlos Henrique — relatou Rafael.
Para o orientador do Rafael e coordenador do Clube, o professor de Língua Portuguesa e Literatura Carlos Henrique Afonso Khoury, a iniciativa do Prêmio Rio de Letras é oportuna e fundamental para estimular os estudantes em relação à escrita, oratória, reflexão crítica e argumentação.
— Eu já tinha percebido um enorme potencial no Rafael. Quando o concurso saiu, apresentei a ele a proposta. A partir daí, fomos trocando informações até chegar ao texto final. Procurei orientá-lo sobre a estrutura e particularidades do gênero em questão, mas sempre frisando a importância da alma no texto. O trabalho do Rafael se destaca pela originalidade, criatividade e pelo conteúdo intenso e visceral. A forma como desenvolveu sua crônica não só mantém o interlocutor conectado, como também cria expectativa em relação ao seu desfecho — destacou o professor.
O presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano, ressaltou que um dos papéis da instituição é promover a melhoria na educação.
— O Rio de Letras chega à segunda edição num palco de gala, o Theatro Municipal, proporcionando uma experiência única de cultura e arte – essa linguagem universal capaz de despertar o melhor de cada um e ampliar a nossa compreensão do mundo. Este prêmio busca proporcionar uma reflexão sobre temas contemporâneos, valorizando a escrita criativa e estimulando a leitura, tão importantes para a formação cidadã e profissional — disse Luiz Césio que, no evento, foi representado por Renata Daflon, presidente da Associação Mulheres de Impressão e vice-presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas do Município do Rio de Janeiro (Sigraf).
Também foram premiadas as escolas e indústrias dos respectivos vencedores, os professores orientadores e as coordenadorias regionais da Seeduc. As premiações variaram conforme a categoria e colocação, e incluíram prêmios como tablets, kindles, troféus, coletâneas literárias e um exemplar do livro com os textos dos autores vencedores, selecionados pelos próprios acadêmicos da ABL e lançado pela Firjan SESI, cuja capa foi produzida também por jovens estudantes, no caso, do curso de Design da Firjan SENAI Maracanã.
— É uma honra estar neste palco da cultura brasileira. Quero cumprimentar todos os participantes e trazer os parabéns da Academia Brasileira de Letras por este prêmio tão valioso e por essa iniciativa tão importante. O Prêmio Rio de Letras é fundamental para tornar a literatura mais presente em nossas vidas e para fomentar o surgimento de novos talentos literários, como os que estão aqui hoje. Desejo que este prêmio se repita por muitos e muitos anos — destacou o filólogo e linguista Ricardo Cavaliere, membro da Academia Brasileira de Letras e representante da ABL na cerimônia.
Foto: Ellan Lustosa