Alunos de escolas públicas estaduais conquistam vagas em universidades

Secretaria de Educação do Rio de Janeiro

25.04.2018

De acordo com o Censo da Educação Superior de 2016, divulgado no ano passado, o número de matrículas em cursos de graduação da rede pública de ensino cresceu 1,9% em 2016 em relação ao ano anterior. Franklin Marques dos Santos e Débora Cristina Araújo Teixeira, que estudaram em escolas da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) do Rio de Janeiro, localizadas na Baixada Fluminense, engrossam essa estatística, garantindo uma vaga em universidades federais.

Franklin acaba de ingressar na faculdade de Engenharia de Energia, na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), em Foz do Iguaçu, no Paraná. Com o incentivo dos pais, William e Rosana, o ex-aluno do Colégio Estadual Lia Márcia Gonçalves Panaro, em Duque de Caxias, conseguiu a pontuação necessária no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Na cidade paranaense, ele terá a companhia do irmão e amigo, Hudson, que estuda Engenharia de Materiais na mesma universidade.

– Ainda estou dividido, porque nunca morei longe dos meus pais, mas vou ter o meu irmão perto de mim. Além de estar em um lugar diferente, vou estudar em horário integral e ainda terei aulas de Espanhol – diz Franklin, ansioso com o novo desafio.

Fã de Matemática desde pequeno, ele atribui aos pais a motivação para se dedicar aos estudos.

– Como eu tinha dificuldade de prestar atenção nas aulas e era hiperativo, meu pai e minha mãe faziam uma revisão das matérias quando eu chegava da escola – comenta.

Franklin sempre estudou em escolas públicas e encontrou nos professores do Colégio Lia Márcia o apoio necessário para ir adiante. Ele reconhece que, mesmo com a qualificação e o empenho do corpo docente, o esforço pessoal é indispensável para quem deseja alcançar seus objetivos. Tanto que, no contraturno das aulas, fazia o curso técnico em Eletroeletrônica, no Senai.

– Quando o professor falava que iria explicar a matéria, eu prestava atenção. Acho que as pessoas têm que estudar por si mesmas. Se não tiver apoio familiar, como eu tive, podem procurar apoio em um amigo, por exemplo. O importante é olhar para frente e não desistir – destaca, incentivando outros colegas.

Futura professora

Em São João de Meriti, município vizinho de Duque de Caxias, mora Débora Cristina Araújo Teixeira. A jovem de 18 anos será a primeira ‘caloura’ da família e cursará História, no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS), no Centro do Rio de Janeiro.

Para se preparar, ela contou com a orientação dos professores do Ciep 400 – Oswald de Andrade, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, onde estudou por sete anos. Segundo Débora, na escola os alunos tinham aulas extras e também conversas sobre vestibular, faculdades públicas, formas de ingresso, entre outros temas. Ela também revela que paralelamente fez um pré-vestibular comunitário e se dedicou a pesquisas na internet e em livros.

De acordo com a jovem, o interesse pela História surgiu ainda no 6º ano do Ensino Fundamental.

– Tinha dificuldade em algumas disciplinas, mas através dos professores, comecei a ter mais interesse pelos estudos. Gostava muito das aulas, dos trabalhos e até costumava ler os livros didáticos. A História sempre me interessou bastante – conta. 

No que depender de Débora, a vida profissional já está planejada. A meta é trilhar a carreira do magistério.

– Quero ser professora do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, e também trabalhar em cursos pré-vestibulares – finaliza.

Vocação pelo mundo dos jogos eletrônicos

Raphael Domingues, ex-aluno do Colégio Estadual Alcindo Guanabara, em Guapimirim, na Baixada Fluminense, não teve dúvidas ao escolher a profissão de game designer. Com sua pontuação no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o estudante, de 18 anos, conquistou uma vaga no curso de Computação da Universidade Federal Fluminense (UFF) e, agora, se prepara para dois desafios: ingressar no ensino superior e trocar sua cidade por Santo Antônio de Pádua, Região Noroeste do Estado, onde fica o campus da universidade.

Ao contrário da maioria dos estudantes, que sofre com a ansiedade e a rotina atribulada durante a preparação para o Enem, Raphael optou por conciliar os estudos com a prática de esportes e lazer para obter um bom resultado no exame.

– Eu sabia que estava sendo muito bem preparado pela escola, por isso aproveitei ao máximo as aulas. No Alcindo Guanabara, os professores são excelentes e passam muita confiança. Não senti necessidade de fazer um plano para estudar em casa ou cursinho. À tarde, eu fazia aulas de judô, o que me relaxava e me dava mais disciplina – diz, aos risos, o futuro universitário, que estudou na unidade escolar do 5° ano do Ensino Fundamental ao final do Ensino Médio.

Raphael sonha alto e já planeja fazer uma pós-graduação na região do Vale do Silício, nos Estados Unidos, onde existem grandes empresas de tecnologia. Enquanto o futuro em terras estrangeiras não vem, ele se prepara para as aulas na universidade.

– Fiquei muito feliz ao saber que, além de ser aprovado em Computação, teria a oportunidade de morar em outra cidade. Vou sentir muita saudade da minha família e de Guapimirim, mas chegou a hora de sair da casa dos meus pais e assumir outras responsabilidades – afirma.

Influência da literatura

Com apenas 16 anos, Gabriel Frota garantiu a tão sonhada vaga na Universidade Federal Fluminense (UFF). O gosto pela língua de Shakespeare foi crucial para a escolha do curso de Letras (Português-Inglês) pelo ex-aluno do Colégio Estadual Alcindo Guanabara, que deseja trabalhar no mercado de tradução editorial.

– Desde pequeno, assistia a filmes estrangeiros, o que me obrigava a traduzir o vocabulário do inglês para o português. Foi assim, por conta própria, que comecei a praticar a Língua Inglesa – recorda o estudante, nascido em Teresópolis e criado em Guapimirim.

Gabriel conta que só comemorou a vitória no Enem quando soube o resultado. Ele lembra que se saiu muito bem nas questões de Ciências Humanas, mas ficou muito apreensivo com a redação.

– Achei a prova tranquila, mas fiquei preocupado com a redação, que tem um peso maior no Enem. Ainda bem que me saí bem e deu tudo certo – festeja o jovem.

De Paracambi para Valença

Daniel Meyrelles, de 18 anos, trocou os dois anos de estudo no curso de Telecomunicações, do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet), pelo Ensino Médio regular do Ciep 500 – Antônio Botelho, emParacambi, na Baixada Fluminense, visando seu ingresso no Ensino Superior. O plano deu certo: o jovem foi aprovado nas faculdades de Agronomia, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFFRJ), e Odontologia, no Centro de Ensino Superior de Valença (Cesva/FAA)

– Foi a melhor decisão que tomei na vida. No entanto, foi um momento muito complicado, pois minha família queria que eu concluísse o curso técnico. Cheguei ao Ciep 500 um pouco perdido e desmotivado, e para minha surpresa tive o apoio e incentivo da direção e dos professores – diz, com emoção.

O interesse pela área de saúde surgiu quando Daniel acompanhava o pai nas aulas de curso de Enfermagem na Universidade de Iguaçu (Unig). Fã de Biologia, Química e Matemática, o estudante se surpreendeu com o resultado na prova de redação do Enem: conseguiu 860 pontos.

– Fiquei muito satisfeito com meu desempenho, em especial na prova de redação. Minha professora de Língua Portuguesa do Ciep 500 treinou bastante as técnicas com a turma. Em casa, eu também reservava um tempo para me dedicar à escrita. O esforço valeu a pena – finaliza o jovem.