Classe Hospitalar do Pará inicia ano letivo com aula na Santa Casa

Pará

23.02.2023

semestre letivo para crianças e adolescentes internados em hospitais públicos do Pará iniciou, esta semana, com das aulas do projeto Classe Hospitalar e Atendimento Domiciliar. Na última quinta-feira (16), aconteceu o acolhimento e atividade inicial dos pacientes do Hospital Santa Casa de Misericórdia do Pará.

Na Santa Casa, a classe hospitalar funciona desde 2009. Este ano, os estudos terão como base o livro “O menino que queria virar vento”, de Pedro Kalil. No primeiro semestre, serão estudadas as temáticas amizade e a criatividade na construção de sonhos e no segundo semestre a importância de um amigo no processo de ensino aprendizagem. “É de fundamental importância a nossa relação de amizade e confiança com os alunos. E durante a pandemia todos sentiram falta dos amigos que ficaram longe e dos que se foram para sempre. Este ano, nossa abordagem de tema vai falar muito da relação de amizade, do companheirismo, da sensibilidade, da saudade e, principalmente da imaginação”, comentou a professora Rosiane Alcantara, responsável pelo projeto no hospital. Hoje, a abertura do semestre ocorreu no centro de hemodiálise com leitura de trechos do livro, pintura e distribuição de cata-ventos de papel para as crianças em tratamento. Os pacientes das enfermarias também participam das aulas.

Na fila de espera por um transplante de rins, a pequena Vitória Kauane, faz hemodiálise no hospital e também participa das aulas há quase um ano. “Gosto das professoras, acho tudo legal, tenho várias aulas e não fico sem ir a escola”, disse a menina de 10 anos.  

A mãe Taiany Martins conta que a pequena começou tímida, mas as aulas além do aprendizado foram fundamentais para a socialização da filha. “Acho muito importante ter essa escola aqui dentro, porque ela não vai perder as aulas, a metodologia é boa, as professoras são atentas as crianças. A Vitória no começo era retraída, agora já participa bastante”. 

Para a pedagoga Silvana Almeida, a experiência de lecionar em um hospital é gratificante, enriquecedora, apesar das limitações dos pacientes por causa das doenças. “Eles são muito ávidos por conhecimento, sempre querem aprender mais, não colocam obstáculos, isso é muito gratificante para gente como profissional. Aqui na hemodiálise, eles entram crianças e saem adolescentes, graças a Deus muitos conseguem fazer transplante e conseguem voltar para suas escolas de origem e nos sentimos gratificadas por fazer parte dessa história de cada um”, contou. 

Moradora do Marajó, a dona de casa Francileni Nascimento recebeu o diagnóstico do filho Ronaldo Nascimento, de 13 anos, há quase 1 ano e 3 meses como renal crônico.“Desde o começo fomos bem atendidos aqui tanto pela equipe médica quanto pelas professoras. É muito importante para meu filho essa sala de aula, porque ele aprende algo a mais e ajuda a se soltar e conversar com os outros”, disse.

Giselle Santana atua há mais de 10 anos como professora da classe hospitalar. “Tanto os alunos, quanto os pais dão um retorno muito grande sobre o aprendizado, ensino, sobre essa troca diária de conhecimento para nós. Isso é muito gratificante. Mas as nossas maiores vitórias são quando os pacientes saem daqui transplantados”, comentou.

Ao longo de 20 anos, o projeto celebra várias conquistas e resultados. “Temos alguns alunos aprovados no vestibular. Em 2020 tivemos um estudante que nunca frequentou a escola regular, sempre foi atendimento domiciliar que foi aprovado em ciências sociais na UFPA e em 2021 tivemos um aluno do hospital Oncológico Infantil aprovado em ciências biológicas também na UFPA. São essas conquistas e vitórias que sabemos que o programa funciona e que o direito a educação está garantido pelo Estado e que temos sucesso nos atendimentos”, analisou a coordenadora do projeto Fernanda Costa.

Amanhã (17), será a vez do retorno das aulas no hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo e no dia 28 no hospital Metropolitano. 

O PROJETO

O projeto Classe Hospitalar e Atendimento Domiciliar completa 20 anos de atuação no Pará em 2023, funcionando através de convênio e termo de cooperação técnica assinado entre a Secretaria de Educação e hospitais, casas de apoio e abrigos. O principal objetivo é fazer com que não haja interrupção na vida escolar seja de crianças ( do 1º ao 9° ano do ensino fundamental), adolescentes ( 1° ao 3° ano do ensino médio), ou dos idosos através do EJA. A matriz curricular seguida pelas classes é a da Seduc, seguindo o calendário e diretrizes da secretaria, de forma flexibilizada.

Atualmente, o projeto conta com 50 professores atende aproximadamente 600 alunos por mês nos hospitais Metropolitano de Urgência e Emergência, Hospital Universitário João de Barros Barreto, Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, na Santa Casa de Misericórdia do Pará, Casa de Apoio Espaço Acolher e Abrigo João Paulo II. Em 2019, o projeto foi ampliado e começou a atender no Hospital Regional de Santarém e neste ano deve iniciar nos outros hospitais regionais paraenses.

 

Texto: Sâmia Maffra / Ascom Seduc