De merendeira e faxineira a diretora de escola

Distrito Federal

16.04.2021

Trajetória profissional de Oneide Santos, diretora do CAIC Santa Paulina, é prova de como o estudo pode mudar o futuro


O sonho de ser professora trouxe Oneide até a Secretaria de Educação antes mesmo de ser pedagoga | Foto: Arquivo pessoal

A paixão pelos estudos move sonhose abre caminhos para o futuro. Como prova a trajetória de Oneide de Souza Ribeiro dos Santos. Em 1990, quando tinha 21 anos, ela começou a trabalhar na Secretaria de Educação. O primeiro cargo foi de merendeira. Depois passou a fazer da equipe de faxina. Hoje, é diretora da escola CAIC Santa Paulina, no Paranoá.

“Nasci em Formoso Goiás em uma família muito pobre. Fui criada por minha avó. Vivíamos em uma casinha de paredes de adobe e coberta por palhas, sem energia ou água encanada. Minha única diversão era a escola, onde eu adorava ir, meu maior sonho era um dia ser professora, era apaixonada por minha querida professora Cristina. Eu não tinha nada, mas era uma criança muito estudiosa”, conta. 

Oneide fala sobre a importância de não se deixar abalar por dificuldades. 

“Correr atrás dos sonhos era a única saída que eu tinha. Meus pais, muito amados e queridos, viviam numa fazenda, trabalhavam muito, mas com 6 filhos e sem estudos, só conseguiam manter a casa. Meu pai nunca tinha férias, ele trabalhava em 3 empregos. Minha mãezinha trabalhava o tempo todo também, nunca podia ir em nossas reuniões de pais — eu morava na cidade, como minha avó. Mas sempre nos incentivavam a estudar, eu fazia todos os cursos gratuitos que apareciam”, acrescenta. 

O sonho move histórias 

A chegada em Brasília foi cheia de expectavas. O sonho de ser professora trouxe Oneide até a Secretaria de Educação antes mesmo de ser pedagoga. O caminho para a conquista foi difícil: ela fala dos seus 1,47 metro de altura como o primeiro desafio do trabalho como merendeira. 

“Não sabia cozinhar pra muita gente e de repente tinha que manipular panelas maiores que eu e cozinhar pra 300 estudantes em cada turno de trabalho. Não deu muito certo, eu mal conseguia pegar as panelas”, lembra. 

Ao pedir a transferência para trabalhar na faxina da escola, os preconceitos foram outros. Oneide sempre gostou de estudar, de se vestir de um jeito formal e de lutar pelos direitos, mas as humilhações que passou a deixavam indignada, foram motivos de choro. Grávida de oito meses, não gostava do tratamento que recebia da então diretora da escola.

Assim, a paixão por educar só aumentou. Já casada, fez a complementação pedagógica para o magistério e concretizou a carreira como professora. Hoje, ela é motivo de admiração para toda a família. Em 1995, fez um curso para alfabetizar os colegas de trabalho que não sabiam ler: “Isso me deixava muito orgulhosa, limpava minhas salas, trocava de roupa e ia fazer algo que me deixava muito feliz, nas mesmas salas eu os ensinava e aprendia com eles.”

Mãe e avó, ela escuta constantemente como é inspiradora. Quando concorreu ao cargo de diretora, o filho mais velho, Gabriel Lucas, 30, disse: “Mãe, ganha essa eleição, a senhora nasceu pra isso. Depois que ganhamos, ele disse: linda trajetória a sua, de faxineira a diretora da escola, a senhora me orgulha!”

Oneide conta que a paixão por lecionar continua forte na família. “Coincidência ou não, acho sim, meus dois filhos são professores em suas áreas de trabalho e excelentes professores”, acrescenta. 

Por Íris Cruz, da Ascom/SEEDF