O seminário “Programa Comunidades Educadoras, uma experiência no RN: Escola, Assistência e Saúde no cuidado integral de estudantes e famílias” acontece durante o dia de hoje (29), no auditório do Idema, em Natal, reunindo gestores escolares, professores, técnicos das áreas de educação, assistência social e saúde, além de estudantes, famílias e representantes da rede de proteção. 

Atuando em 72 escolas da região da Grande Natal, o programa, realizado pela Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e do Lazer, abrange os municípios de Ceará-Mirim, Extremoz, Macaíba, Natal, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante. Ao longo de um ano de trabalho, 529 estudantes foram acompanhados por meio de visitas domiciliares, entrevistas com famílias e escuta ativa das comunidades escolares. O levantamento revelou que 85% dos casos apresentaram algum tipo de problema que impacta diretamente o processo de ensino-aprendizagem.

Entre os casos identificados, 26% apresentaram adoecimento psíquico e 21% problemas que afetam a aprendizagem. Diante desses resultados, 466 estudantes foram encaminhados para tratamento gratuito em unidades da rede pública de saúde. Também houve encaminhamentos para centros especializados em transtornos do neurodesenvolvimento, problemas auditivos e oftalmológicos.

Para a secretária de Educação do RN, Socorro Batista, o programa representa uma virada de chave na forma de pensar políticas públicas educacionais. “Com o apoio técnico e pedagógico do programa Comunidades Educadoras, a Educação do RN muda a lógica de atuação. Em vez de a escola lidar sozinha com problemas complexos, organizamos o território para responder de forma integrada. Educação, saúde e assistência caminham juntas para assegurar direitos, combater a evasão e criar condições reais de aprendizagem. Esse é o compromisso da rede estadual e o caminho que queremos expandir para todo o Rio Grande do Norte”, destacou a secretária.

O programa, realizado em parceria com o Instituto Cultiva, adota uma metodologia de visitas domiciliares e escuta comunitária para compreender o contexto social e familiar dos estudantes, diagnosticar fatores que interferem na aprendizagem e consolidar uma educação integral, crítica e libertadora, inspirada nos princípios de Paulo Freire. 

“O programa reúne a escola, a saúde e a assistência social do bairro para dar apoio principalmente aos estudantes e, consequentemente, para as famílias. Com ele percebemos a necessidade do fortalecimento do Regime de Colaboração entre os entes federados, para assegurar os direitos dos alunos”, afirma Janaína Ramos, da Coordenadoria dos Órgãos Regionais de Educação da SEEC.

A integração entre as políticas públicas foi também destacada por representantes municipais. Kely Bezerra, técnica da Secretaria de Assistência de São Gonçalo do Amarante, ressaltou a importância da ação conjunta. “O Comunidades Educadoras contribui de forma significativa para que os entes atuem de forma integral em prol do estudante. Um momento rico para que todos possam aprender mais”, avaliou.

Durante o evento, gestores, técnicos e professores compartilharam experiências de campo e destacaram a importância da ação para o enfrentamento de problemas estruturais que ultrapassam os limites da sala de aula. “O seminário é um momento de partilha, reconhecimento e celebração coletiva das práticas construídas na região”, pondera Nayraline Oliveira, consultora socioeducacional do Instituto Cultiva e responsável pelo projeto.

Na rede estadual, os resultados também são percebidos dentro das escolas. Cynthia Oliveira, gestora da Escola Estadual Alceu Amoroso Lima, uma das unidades participantes do programa, destacou o impacto positivo da ação. “É uma iniciativa muito importante para contribuir com a permanência dos alunos na escola, porque tem justamente esse olhar para trabalhar e ter a sensibilidade de enxergar a importância de fatores externos que fazem com que faltem ou abandonem a escola. E foi muito gratificante ver o resultado positivo na Alceu Amoroso”, afirmou.

O seminário também pactuou os próximos passos do programa, que incluem a consolidação de protocolos intersetoriais e a expansão da iniciativa para novas regiões do estado, fortalecendo o cuidado integral com estudantes e famílias.