Escola prisional de Abreu e Lima é reconhecida em premiação nacional

Pernambuco

08.03.2024

A Escola Estadual Irmã Dulce, localizada na Colônia Penal Feminina de Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, foi uma das 10 unidades de ensino de todo o Brasil selecionadas pelo Prêmio Territórios, do Instituto Tomie Ohtake. A cerimônia de premiação acontece no próximo dia 9 de março, em São Paulo, onde fica sediado o instituto. Em sua sétima edição, o prêmio destaca escolas públicas brasileiras que desenvolvem ações pedagógicas articuladas com os seus territórios, apresentando um conjunto de modos de agir, construídos e valorizados por meio da convivência em comunidade, que tiveram a ética amorosa e os princípios da educação integral como base. 

Segundo os avaliadores, a Escola Estadual Irmã Dulce foi escolhida por “trabalhar na perspectiva de romper com um espaço opressor, vigilante e punitivo ao realizar atividades pedagógicas, artísticas e corporais, pensando em uma formação integral do sujeito”. Dois projetos da unidade,  “Corpo em movimento” e “Canto que encanta”, foram destacados por mobilizarem as estudantes a fomentar um olhar mais generoso sobre si e, consecutivamente, a capacidade de imaginar futuros. 

O primeiro projeto aposta no desenvolvimento de atividades físicas dentro do sistema prisional, que colabora para a socialização de detentas de diferentes celas por meio do esporte, desenvolvendo habilidades como o companheirismo e o espírito de equipe. Já o segundo promove a boa convivência através da música, por meio da criação de um grupo musical que envolve um coral e instrumentistas.
A representante de Pernambuco na premiação recebeu um aporte de R$ 6 mil para fortalecer os projetos. “Vamos investir na compra de bolas e redes de vôlei. Essa é a prática esportiva que a gente mais desenvolve dentro da escola, as alunas adoram. Na parte musical, vamos comprar instrumentos”, esclarece João Bosco Morais, gestor da escola e responsável pela inscrição dos projetos na premiação. Além do prêmio em dinheiro, a escola vai receber uma doação de livros para compor o acervo da biblioteca, uma bolsa de estudos para um curso de graduação e vagas em cursos livres da Escola Tomie Ohtake para professores da unidade de ensino. 

“A nossa escola é de porte pequeno, mas vem oferecendo muito para a formação de cidadãs, conseguindo ressocializar essas mulheres para que, cumprindo a pena, cada uma possa sair do presídio com o certificado de nível fundamental ou médio, contribuindo para a sua profissionalização e reintegração no processo social”, reflete o gestor, um dos responsáveis pela fundação da unidade de ensino, inaugurada em 2016. Atualmente, a escola oferece ensino fundamental e ensino médio na modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA) para 15 turmas.