Escolas estaduais de Pernambuco recebem curso que fortalece o combate à violência contra as mulheres

Pernambuco

24.10.2025

Escolas da rede estadual de Pernambuco recebem o curso “Boyzinho de Respeito”, iniciativa que incentiva a masculinidade saudável e o combate à violência contra as mulheres entre os jovens. A ação é promovida pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) e pela Escola Judicial de Pernambuco (Esmape), em parceria com a startup New School, especializada em educação digital voltada ao público juvenil.

O curso é desenvolvido para os estudantes de todos os anos e propõe um diálogo aberto sobre comportamentos, sentimentos e responsabilidades, estimulando reflexões sobre o papel masculino na sociedade e o impacto das atitudes cotidianas na construção de uma convivência mais justa e respeitosa.

O conteúdo está dividido em três etapas. A primeira, “Compreendendo a Masculinidade e o Ciclo da Violência”, aborda os temas história e evolução dos estereótipos de gênero e “O que é o Ciclo da Violência Doméstica?”. A segunda, “Desenvolvendo a Inteligência Emocional”, trata de autoconhecimento, autorreflexão, comunicação emocional e empatia. Já a terceira, “Desconstruindo Estereótipos de Gênero”, incentiva a identificação e o enfrentamento das normas de gênero e a promoção da igualdade de gênero.

O projeto também conta com um aplicativo para celular, que amplia o aprendizado por meio de aulas e práticas voltadas à prevenção da violência e à saúde emocional, abordando temas como amor, medo, ansiedade e depressão.

O secretário executivo de Ensino Médio e Educação Profissional de Pernambuco, professor Paulo Dutra, diz que a ação tem um impacto muito positivo nas escolas. “Nós acreditamos que o projeto vai ser muito importante para as escolas e, sobretudo, para os nossos jovens, isso porque acreditamos que o curso vai causar uma identificação maior neles. Estou muito feliz com essa parceria, que, ao meu ver, precisa ser mais profícua, tem que aumentar o número de escolas para a mensagem ser bastante disseminada”, afirmou.

O “Boyzinho de Respeito” já passou por 35 escolas e, até o fim de outubro, deve chegar ao total de 40, ampliando o alcance da iniciativa. Os estudantes participantes também concorrem a prêmios como smartphones, iphones e video games. 

O estudante Vinícius Lopes, da Escola Sargento Camargo, situada no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, disse que aprendeu bastante com os conteúdos. “Aprendi que as garotas devem ser sempre respeitadas. Saber que elas não devem ser tratadas como pessoas que a gente manda. Ouvi-las e tratá-las bem sempre”, disse.

A estudante Letícia Gomes, da Escola de Referência Ginásio Pernambucano Aurora, no centro do Recife, disse que o curso é transformador. “É algo bem interessante, leve e descontraído. Como parte de um grêmio estudantil composto 100% por mulheres, afirmo que esses diálogos que destacam a importância do respeito às mulheres e da desconstrução do machismo estrutural são essenciais”, afirmou.

A desembargadora Daisy Andrade, palestrante do curso, ressalta que o enfrentamento à masculinidade tóxica deve começar cedo, dentro das escolas, como parte de um processo educativo. “A adolescência tem sido a porta de entrada para evitar que esses jovens se transformem em um adulto reprodutor de violência. Com esses conhecimentos, o público-alvo pode repensar a forma de lidar com a questão da violência contra a mulher e, dessa forma, banir a masculinidade mal trabalhada”, afirmou.