Estudantes e professores da rede estadual recebem homenagem e prêmios por destaque em 2023

Sergipe

13.03.2023

O Governo do Estado de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc), realizou na tarde da sexta-feira, 10, o ‘Educação no Pódio’, evento que celebrou o sucesso de 26 estudantes e 18 professores da rede pública de ensino, destaques em 2023. Foram homenageados alunos que se sobressaíram em projetos de iniciação científica ou na olimpíada do conhecimento, além daqueles que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e tiveram as melhores notas no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), conquistando, assim, vagas em universidades públicas do país.

A festa aconteceu no Complexo Cultural Gonzagão, vinculado à Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap/SE), e estava repleta de histórias de glória e superação, como a de Wendell Fernandes, de 29 anos. O rapaz, que fez o Pré-Universitário da Seduc (Preuni Seduc), no polo Walter Franco, em Estância, na região sul do estado, foi acometido na adolescência por uma doença que afetou gradativamente sua visão, até a cegueira total.

Ele foi aprovado em Serviço Social, pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), e em Psicologia, na Universidade Tiradentes (Unit), o que lhe rendeu a possibilidade de escolha. “Estou muito feliz de estar hoje aqui, num momento de glória pessoal, por ter passado um grande período no pré-universitário do Governo do Estado, onde recebi apoio para me preparar. Tive muito apoio com relação ao material de estudo e hoje é um dia gratificante e de comemoração pela aprovação em dois cursos que tanto desejei”, disse o estudante, adiantando que optará por Psicologia, curso que mais o atraiu.

Coordenadora do polo Walter Franco, Elaine Santiago acompanhou a trajetória do rapaz até a sua conquista e contou que, além de a estrutura do estado ter se adaptado para o aluno, os próprios colegas colaboraram com os estudos dele. “Eles contribuíram muito e o Wendell também tem um aplicativo no celular que faz a leitura de tudo que o professor coloca no quadro. Os outros estudantes passavam a parte escrita para ele e nós do polo também demos a nossa contrapartida. Foi a primeira vez que recebemos um aluno com deficiência visual e ele foi aprovado na UFS, pelo Sisu, e na Unit, pelo ProUni”, revelou a coordenadora.

As premiações e homenagens desta sexta-feira foram entregues pelo secretário de Estado da Educação e vice-governador, Zezinho Sobral, e pelo diretor superintendente do Banese Corretora de Seguros, Kleber Teles.

Histórias de vitória

Os pais de Rafael Gonçalves, de 17 anos, não escondiam a satisfação e orgulho que sentiam pela façanha do filho de conquistar a segunda melhor nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), da rede estadual de ensino de Sergipe. O rapaz foi um dos dez premiados com poupanças de R$ 2 mil, pagas pelo Banese, por ter figurado entre as melhores pontuações no Sisu/Enem.

Sua mãe, Laila Gonçalves, contou que o caçula, desde pequeno, sempre se dedicou aos estudos, mas foi durante o ensino médio que ele despontou no projeto de entrar numa universidade. Aprovado em Ciências da Computação, na UFS, Rafael é aluno do Centro de Excelência Atheneu Sergipense. "Ele é muito estudioso! Estudando em casa, ele aprendeu a falar razoavelmente alemão, inglês e espanhol. Percebemos que desde pequenininho ele gostava de estudar. Nunca nos deu trabalho nesse quesito. Inclusive, foi ele quem ilustrou o livro de uma aluna do Atheneu”, declarou Laila, acrescentando que não foi a primeira vez que Rafael recebeu dinheiro por sua dedicação aos estudos. Ele fazia parte de um projeto no Atheneu e recebia uma bolsa de iniciação científica, segundo a mãe.

“Meus quatro irmãos já têm nível superior, o exemplo está em casa. Antes de pensar em Ciência da Computação, eu me interessei por Arquitetura, mas pesquisei muito sobre a área e optei por Ciência da Computação mesmo”, reiterou o garoto.

A indígena Alícia Martins Firmino, também de 17 anos, foi uma das homenageadas desta tarde e é a primeira em sua família a cursar o ensino superior. Ela é aluna do colégio indígena estadual Dom José Brandão de Castro, no município de Porto da Folha, alto sertão sergipano, e foi aprovada em Administração, na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). “Vou mudar para lá. Tenho um irmão mais novo e ele ainda estuda na comunidade. Sou a primeira da minha família que está indo para universidade e por isso meu sentimento é de gratidão, por poder elevar a escola e a tribo indígena Xokó. Eu espero ser um exemplo para as crianças da minha comunidade”, comentou Alícia, que por enquanto permanece na Comunidade Ilha de São Pedro, junto com a aldeia, até fazer a mudança definitiva para Alagoas.

O legado de bons estudos também foi deixado na família de Jeferson Gonzaga, medalha de bronze nas Olimpíadas de Matemática e ouro em Astronomia. “A minha mãe e o meu pai sempre me incentivaram bastante a estudar, até porque meu irmão também tem um bom histórico de estudo. Estou muito nervoso e muito feliz de estar aqui hoje. Sinto que estou sendo recompensado agora por ter me dedicado tanto. Pretendo fazer Engenharia da Computação na UFS”, contou o estudante de 17 anos, que está concluindo o 3° ano do ensino médio e já se destacou na prova do Enem, que fez como treino. Sua mãe, a autônoma Valéria Gonzaga, disse que ele e o irmão mais velho brincavam de fazer cálculos na infância. “Sempre incentivamos os estudos deles. Enquanto outras crianças queriam jogar bola, eles brincavam de fazer conta”, finalizou.