Feiras de Ciências em Uiramutã reúnem 60 trabalhos científicos produzidos por alunos indígenas

Roraima

24.10.2023

A 1ª Fecind (Feira Estadual Indígena de Ciências) estreou na Quadra Poliesportiva do município de Uiramutã, marcando um novo capítulo na iniciação científica em comunidades indígenas de Roraima. A ação ocorreu no fim de semana.

Organizado pelo Governo de Roraima, por meio da Secretaria de Educação e Desporto, o evento teve mais de 60 trabalhos inscritos, sendo um instrumento fundamental de fomento aos trabalhos científicos desenvolvidos nas escolas indígenas, seja no âmbito estadual ou municipal de Roraima.

“Trata-se do primeiro evento científico para comunidades indígenas. Nós estamos inaugurando uma fase de valorização de trabalhos das escolas indígenas, com o apoio incondicional dos professores com saberes tradicionais”, disse a diretora do Ceforr (Centro Estadual de Formação dos Profissionais de Educação de Roraima), Stella Damas.

A Fecind é uma iniciativa em parceria com a Prefeitura de Uiramutã e o Sebrae-RR (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Além disso, ocorreu simultaneamente com a 4ª Feciu (Feira de Ciências de Uiramutã) que premiou escolas municipais da região.

“Para nós estarmos aqui, auxiliando e apoiando a educação, sobretudo a educação escolar indígena é uma grande satisfação, inclusive a iniciação científica envolve o empreendedorismo ao fazer ciência, envolvendo alunos e professores”, destacou a coordenadora de educação empreendedora do Sebrae-RR, Graciela Mussio.

Escolas dos municípios de Alto Alegre, Amajari, Boa Vista, Normandia, Pacaraima e o município anfitrião, Uiramutã, apresentaram trabalhos de pesquisa com conexão à cultura do lugar onde viviam com o tema "Etnossustentabilidade: Biodiversidade, culturas tradicionais e o desenvolvimento sustentável". O evento contou com a participação de 386 pessoas, entre estudantes e professores orientadores.

O vice-prefeito de Uiramutã, Jeremias Lima, disse que o incentivo à educação é fundamental para o crescimento das comunidades: “É um momento importante para a troca de saberes do conhecimento científico e cultural através do intercâmbio entre os municípios, compartilhando desde a medicina tradicional, trajes e utensílios”, disse.

Durante o evento, diversos grupos culturais se apresentaram, como os Filhos de Maruai, da comunidade Enseada, e o grupo Paraikoman da comunidade Serra do Sol, ambas do município de Uiramutã.

O secretário de Educação e Desporto, Nonato Mesquita destacou a importância do incentivo à iniciação científica. “Nossos alunos sempre nos surpreendem com os trabalhos apresentados nas feiras de ciências, e isso é ótimo, é um sinal de que a educação está avançando nas escolas estaduais e contam com o investimento do Governo do Estado, com aquisição de kits tecnológicos, material didático, dentre outros incentivos”, enfatizou.

OS PROJETOS

Estudantes da Escola Estadual Indígena Eurico Mandulão, da comunidade Raimundão, em Alto Alegre, apresentaram projeto sobre a eficácia das plantas medicinais que muito foram utilizadas no período da Covid-19. Os tratamentos surtiram o efeito desejado na comunidade, que comprovou nenhum caso confirmado durante todo o período crítico da doença que afetou o mundo.

“Como os moradores não tinham acesso à farmácia, as plantas medicinais ganharam força, um exemplo é o gengibre e o jambu por agirem como excelentes anti-inflamatórios, que pode ser consumido naturalmente ou por meio de xarope”, explicou o estudante Neimar Peixoto.

Já os alunos da Escola Estadual Indígena São Sebastião do Cailã da Comunidade Indígena Água Fria do Uiramutã, conseguiram destilar a bebida tradicional Caxiri e descobrir o teor alcoólico do líquido. Pensando na saúde dos moradores, a intenção é mostrar que nem todos podem consumir a bebida por conter uma porcentagem elevada de álcool.

“É muito comum o consumo do Caxiri, inclusive por crianças. Até então são sabíamos o teor alcoólico e descobrimos que a bebida possui 20% de álcool em sua composição. Queremos aconselhar a população de que somente os adultos possam consumir”, disse o estudante do Ensino Médio, Vinicius Sales.

PREMIAÇÃO

Os vencedores da 1ª Fecind e 4ª Feciu foram premiados com troféus e medalhas, além de terem a oportunidade de participar da XIV MCTIA (Mostra de Ciências e Tecnologia do Instituto Açaí), que ocorre em novembro, em Belém do Pará. Além disso, o evento selecionou trabalhos que participarão da 30ª edição da Fecirr, que acontecerá nos dias 6 e 7 de dezembro, no Parque Anauá.

Conheça os vencedores da I Fecind:

Categoria

Escola Vencedora

Projeto

Educação Infantil

Creche Municipal

Maria Augusta Esbell

(Normandia)

A arte de criar brincando

Ensino Fundamental I

Escola Municipal

Castro Alves

(Normandia)

Corpo e Movimento:         

Educando para um

Trânsito mais seguro na

Sede e comunidades

Indigenas de normandia

Ensino Fundamental II

Escola Estadual Indígena Presidente João Pessoa

(Uiramutã)

A valorização da panela de barro

como expressão da identidade

cultural do

Povo macuxi na

Comunidade willimo

Ensino Médio

Escola Estadual

Indígena Julio Pereira

(Uiramutã)

Tanajura como alternativa

sustentável e suplemento

alimentar do passado, presente e

 futuro.

Sala Multifuncional

Escola Estadual

Indígena Ko’Ko Isabel

Macuxi (Uiramutã)

O cultivo e manuseio artesenal da da semente de jamarú da serra

(lagenaria siceraria) como

ferramenta pedagógica para a

 inclusão e valorização da

Cultura indígena na

Comunidade indígena

Enseada, município de

 Uiramutã – RR

Educação de Jovens e Adultos

Escola Estadual

Indígena Joaquim Jones

José Ingaricó

(Uiramutã)

Areruya e tranças, manifestações

 da cultura ingaricó

 

 

  

 

JORNALISTA: Layse Menezes

FOTOGRAFIA: Ascom/Seed