Salas de Apoio Pedagógico melhoram contexto educacional

Educação Especial

22.08.2017

Muitas vezes confundida com indisciplina, a dificuldade de aprendizagem precisa ser olhada com atenção. Pensando nisso, em uma ação pioneira, a Secretaria de Estado de Educação (SED) implantou 19 Salas de Apoio Pedagógico na Rede Estadual de Ensino, a fim de melhorar o contexto educacional e acadêmico dos estudantes com alguma dificuldade de aprendizagem, buscando alternativas para superar essa dificuldade e contribuindo para o fortalecimento da aprendizagem e identidade das crianças atendidas.

As salas, um serviço da Educação Especial com início no mês de junho de 2017, são destinadas para atendimento de estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental, com transtornos funcionais específicos da aprendizagem, como Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDHA), dislexia, discalculia, disortografia ou com múltiplas repetências. “São transtornos que precisam ser olhados com muito critério, cautela e zelo pela educação, afirma a coordenadora das Salas de Apoio Pedagógico, Daniela Gil.

Gustavo tem 10 anos e estuda na Escola Estadual Zamenhof. Hiperativo e com déficit de atenção, tem encontrado na Sala de Apoio sua própria maneira de aprender. “Eu gosto de brincar, ler e fazer as atividades com a professora, fala”. Com cerca de um mês, os resultados começaram a aparecer e empolgar o estudante: “Até tirei um dez em Ciências”, comemora. “Nosso trabalho é gratificante porque podemos ver, a cada dia, o crescimento dessas crianças que vêm aqui, lendo, escrevendo e construindo o seu conhecimento”, destaca a professora Solange Santos Ferreira.  

A mãe de Gustavo, Regina Araújo, conta que o filho tinha dificuldade não só de aprendizagem, mas também de relacionamento. “Ele tinha dificuldade de se comunicar com a pessoas e eu vi uma melhora nisso. Ele também tinha uma dificuldade de entender as matérias, como Matemática, mas hoje já flui melhor nas tarefas e até melhorou as notas. Vejo que ele gosta daqui, acorda cedo e vem sem reclamar, gosta muito”, ressalta Regina.

O projeto nasceu na Coordenadoria de Políticas para a Educação Especial (Copesp/SED) com intenção de acolher e trabalhar com crianças com transtorno de aprendizagem, até então excluídas por não serem público da educação especial. “As crianças da educação especial são atendidas, têm professores de apoio e sala de recursos, mas quando se diagnosticava um aluno com transtornos específicos de aprendizagem ele ficava sem atendimento. Por isso este projeto pioneiro de Mato Grosso do Sul é tão importante e inovador”, explica Daniela.

O propósito do atendimento nas Salas de Apoio é consolidar a aprendizagem, por meio de atividades de alfabetização, letramento, consciência fonológica e alfabetização matemática, para que as crianças atinjam a autonomia e possam seguir sozinhas. “Nosso objetivo é atender crianças do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, para atingir a dificuldade ainda no início da escolarização. Quando um estudante tem múltiplas repetências, considerando dois anos do 1º ao 5º ano, ele também pode ser atendido nesta sala”, reforça a coordenadora.

O atendimento deve ser temporário e provisório, com o prazo de permanência e frequência na Sala de Apoio Pedagógico estabelecido no Plano Educacional Individualizado. As salas atendem atualmente 411 estudantes, com foco na aprendizagem, no contraturno das aulas, até três vezes por semana, com grupos de, no máximo, cinco estudantes, com professores especialistas em psicopedagogia ou neuropsicopedagogia.