Escola inclusiva faz parte do plano pedagógico da rede estadual de ensino

Sergipe

03.04.2023

Juliano Santos Souza preferiu pincelar o papel em branco e criar uma super-heroína. Pedro Lucas  pintou um desenho sobre o Dia da Conscientização do Autismo, lembrado no próximo 2 de abril. Ele disse adorar ver as receitas do “youtuber de cabelo azul” Lukas Batista. Carlos Henrique, diferentemente dos amigos, não tirou os olhos do desenho animado no computador. “Quero ser um quadrinista”, disse ele.

E na diversidade, os alunos da Sala de Recursos do Centro de Excelência Leite Neto, em Aracaju, socializam, criam e aprendem a cada dia a dar passos mais largos na superação. Eles compõem o quadro de alunos da rede pública estadual de ensino de Sergipe. Segundo dados do Portal da Matricula, são 836 estudantes com autismo matriculados nas 318 unidades de ensino do Estado. Se comparado com 2021, quando a rede estadual tinha 657 estudantes, houve um aumento de 27,3%.

As causas desse aumento do número de matrícula podem ser conferidas na Escola Estadual Leite Neto, em Aracaju. Ser uma escola inclusiva faz parte do Plano Político Pedagógico. O lema é olhar o aluno como um indivíduo com suas diferenças e trabalhar a socialização e aprendizagem constantes, com a certeza de que todos devem ser parte do mundo e não um mundo à parte.

Dos 787 alunos matriculados no Leite Neto, 67 têm algum tipo de diagnóstico e, desses, 24 são autistas. A coordenadora da Sala de Recursos, professora Sandra Cristina Fontes Ferreira, destaca que é perceptível um crescimento diário na aprendizagem dos alunos PCDs, quando enfoca as habilidades e o reforço da aprendizagem no contraturno das aulas com atividades nas salas de recursos mutifuncionais. “É uma troca. Tem que ter sensibilidade para trabalhar o emocional deles e o nosso. Digo que primeiro o profissional, a prática; segundo, a sensibilização; e terceiro, o amor ao que faz”, disse.

Para garantir que o Plano Político Pedagógico da escola inclusiva seja posto em prática, a diretora do Leite Neto, Meirismar Pereira, disse que há um trabalho diário pautado no respeito entre os alunos. “Já está incutido na cultura da escola o respeito às diferenças”. Juntamente com a diretora, há uma equipe que faz a diferença, composta por secretária, coordenadoras e um grupo de 20 profissionais de Apoio Escolar I e II, ou seja, o Apoio I trabalha com alunos que necessitam de apoio no âmbito da alimentação, higiene e locomoção e os profissionais de Apoio II, que trabalham a parte pedagógico dos alunos.

Essa equipe composta por Apoio I e Apoio II faz parte do quadro de funcionários das escolas públicas estaduais desde 2018, quando Sergipe foi um dos primeiros estados a implantar o sistema de cuidadores e profissionais de apoio. A tendência é ampliar a oferta desses profissionais em toda a rede. "Ofertar ao estudante com Transtorno do Espectro Autista um professor (profissional de apoio escolar II) para realizar a mediação pedagógica na sala de aula de ensino regular possibilita o acesso ao currículo, oportunizando o seu desenvolvimento escolar”, lembra Lilian Alves, coordenadora Serviço de Educação Inclusiva da Seduc (Sinc/Seduc).

Além da disponibilidade de técnicos cuidadores, a coordenadora Lilian Ramos explica que a Seduc oferta formação continuada aos professores do ensino regular e das salas de recursos mutifuncionais, cujas trilhas formativas trazem o Transtorno do Espectro Autista (TEA) como um dos temas.

Inclusão, aprendizagem e esporte

Na Escola Estadual 11 de Agosto, no bairro Getúlio Vargas, em Aracaju, também referência na educação de pessoas com deficiência, são 44 alunos com autismo matriculados nas turmas do ensino regular.

Além da sala multifuncional, a escola desenvolve projetos de aprendizagem e esportes, a exemplo do trabalho das turmas de EJA Especial, que desenvolve o currículo funcional específico para atender às necessidades dos alunos com deficiência e o hóquei e bocha nas turmas de inclusão, através dos profissionais de Apoio II, que fazem flexibilização curricular. “Os professores auxiliam na compreensão dos conteúdos por meio de recursos com as tecnologias assistivas”, destacou o diretor Cledson Santos Inácio, lembrando que o Dia Mundial da Conscientização do Autismo é uma data para chamar a atenção na redução do preconceito.