Pará apresenta dois projetos em evento nacional sobre letramento na socioeducação

Pará

16.12.2022

O Pará participa, por meio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa), do Seminário Nacional de Alfabetização e Letramento na Socioeducação, promovido pela Fundação Casa, de São Paulo (SP). O evento, realizado de forma on-line, iniciou na segunda-feira (12/12) e terminou na sexta (16/12). O encontro tem como objetivo compartilhar projetos e boas práticas de todo o país na socioeducação.

As representantes do Pará participaram em dois momentos ainda no dia 12, com a exposição do Projeto "Tradições juninas nas regiões brasileiras", feita por Marly Inomata, coordenadora pedagógica da Seduc no Centro Socioeducativo Feminino (Cesef), e do Projeto "Letramento crítico na aula de Português em uma unidade socioeducativa do Pará”, por Jane Alves, professora da Seduc na Unidade de Atendimento Socioeducativo II (Uase II). Jane participa nesta quinta-feira (15) de uma mesa de debate sobre o trabalho.

"É importante tornar visível o que se está praticando na socioeducação. O que percebi na apresentação é que falamos a mesma língua e temos os mesmos problemas. Meu trabalho é muito voltado para letrar o aluno criticamente. Então, faço uso de leitura multissemiótica, e também de valores democráticos e processos de conhecimento. Acho que foi bastante bem recebido nessa programação", avalia Jane Alves.

O Pará foi o único estado que apresentou dois trabalhos em um dia dedicado somente a projetos executados fora da região Sudeste - os demais estados apresentaram apenas um. "Acho que isso é muito válido, dar visibilidade ao que se está trabalhando com esses alunos", reforça a professora da Unidade de Atendimento Socioeducativo II.

Para Marly Inomata, é de enorme importância o Pará marcar presença em um evento nacional sobre a temática. "Mostrar que o Estado desenvolve um trabalho de qualidade na Fasepa, que temos toda uma dinâmica e metodologia dentro dessas unidades, é muito válido. Os projetos com os socioeducandos sempre dão muito certo, e mostrar isso para outros estados é muito gratificante", ressalta.

Falas significativas – O Projeto "Tradições juninas nas regiões brasileiras" foi proposto para o mês de junho, envolvendo o desenvolvimento de atividades interdisciplinares com todos que fazem parte da socioeducação, estabelecendo alguns critérios avaliativos que incluem pesquisa, construção das falas significativas e de aprendizagens com as alunas.

A Mostra Cultural Junina da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Antônio Carlos Gomes da Costa foi realizada no Cesef, possibilitando desenvolver o letramento e a construção de pensamentos por meio de um trabalho integrado com as áreas do conhecimento, utilizando vários conteúdos do currículo escolar com estratégias metodológicas que envolvem a materialização da pesquisa: dança, música, vestimenta, arte, ludicidade e valorização do patrimônio cultural das regiões brasileiras.

"Quando reportamos o letramento, enfatizamos o entendimento e a compreensão das diferenças pautadas na história, na geografia, na cultura e nas artes das cinco regiões, iniciando habilidades de domínio verbal e visual, isto é, nas relações sociais, na comunicação e nas ações praticadas socialmente", destaca Marly Inomata.

Crítica pela arte - Jane Alves dividiu o Projeto "Letramento crítico na aula de Português em uma unidade socioeducativa do Pará” em três fases: atividades sobre o meio ambiente, interpretação de texto e leitura de imagem; atividades sobre o meio ambiente: interpretação de texto, verbos (presente, pretérito imperfeito e infinitivo), pronome pessoal, e características do gênero discursivo propaganda e a produção de uma propaganda (aspectos críticos). Nesta última fase, os alunos puderam fazer trabalhos de colagem ou desenho.

"Como as aulas de Artes fazem grande sucesso entre os alunos da Uase II, que fica em Ananindeua (Região Metropolitana de Belém), a maioria dos alunos optou pelo desenho. Um dos alunos quis refazer a atividade usando a técnica da colagem por achar que não estava sendo suficientemente crítico. Sendo assim, o processo de letramento crítico dos alunos foi traçado a partir de diferentes gêneros discursivos, atentando sempre para o design das imagens presentes nas atividades em direção a seu redesign", detalha Jane Alves.

Ela acrescenta que "o letramento crítico cria uma rede de significados dentro de um processo interacional, isto porque reconhece a multiplicidade de vozes que os alunos trazem para a sala de aula, seus diferentes posicionamentos em diferentes instâncias. Ele compreende também o significado textual dentro de um contexto social, histórico e dentro das relações de poder".