Acre fortalece oferta de alfabetização para fomentar o desenvolvimento de jovens e adultos

Acre

11.09.2023

Reduzir as disparidades e aumentar as oportunidades. Na data em que se comemora o Dia Mundial da Alfabetização, 8 de setembro, o governo do Acre, por meio da Secretaria de Educação, Cultura e Esportes (SEE) e atendendo ao que preconiza o artigo 208 da Constituição Federal, mantém o compromisso de combater um dos grandes males sociais contemporâneos: o analfabetismo.

A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em 1967, para promover a causa em todo o mundo.

No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Educação (MEC), existem atualmente em torno de 9,6 milhões de analfabetos, pessoas que não conseguem escrever sequer um bilhete. Entre os que não chegaram a concluir o 4º ano do ensino fundamental, anos iniciais, o número salta para 33 milhões.

O processo de alfabetização (domínio da técnica da leitura e escrita) e letramento (interpretação e uso da língua nas práticas sociais) de crianças, e também de adultos, pode modificar os rumos de um país e de um estado, haja vista que quanto mais acesso uma pessoa tem à leitura, seja para a educação ou mesmo para o lazer, mais aumentam as chances de conquistar espaços na vida e oportunidades no mercado de trabalho.

No processo de alfabetização de centenas de pessoas em todo o Acre, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) exerce um papel fundamental, garantindo a inclusão educacional desse público.

Na EJA, o público-alvo compreende pessoas a partir de 15 anos, para o ensino fundamental, e 18 anos para o ensino médio. Desde 2019, o governo tem empenhado esforços para fortalecer a oferta de alfabetização a adultos e idosos.

“A iniciativa visa não apenas proporcionar chances para a continuação dos estudos nessa modalidade, mas também fomentar o desenvolvimento profissional, social e pessoal desses indivíduos”, afirma Jessé Dantas, chefe da Divisão de EJA da SEE.

Da escuridão para a luz

O governo do Acre contribui com indivíduos que ainda têm dificuldades no processo de alfabetização e letramento. Entre essas pessoas está Maria da Conceição da Silva, categórica ao afirmar que “quem não lê é a mesma coisa que fosse cego”.

A história de aprendizado de Maria da Conceição inclui idas e vindas. Como vivia “na colônia”, a primeira vez que se matriculou em uma escola foi na Anita Garibaldi, no bairro Seis de Agosto, em Rio Branco. Com muita dificuldade para aprender, acabou ficando pouco tempo no banco escolar.

Graças à EJA, avançou e consegue assinar o nome, embora ressalte que ainda leia muito pouco. Mas pensa grande, pretendendo seguir os estudos e até fazer uma faculdade, no caso, de engenharia civil. “Hoje, a EJA para mim é tudo”, afirma.

A pé até a Sobral

Outro que está avançando nos estudos dentro da EJA é Rosenir de Souza. O xapuriense conta que o pai era regatão e não tinha paradeiro certo, o que atrapalhou seu aprendizado. E relata que, em decorrência do analfabetismo, certa vez chegou a ir da Ponte, no centro de Rio Branco, até o bairro Sobral, percurso de aproximadamente 4 km, porque não conseguia identificar o ônibus correto para o local aonde deveria chegar.

Mas não foi somente o ônibus que Rosenir perdeu, também muitas oportunidades de emprego. Hoje estuda no primeiro ciclo da EJA, na Escola Terezinha Miguéis, na Cidade Nova, na capital, juntamente a Maria da Conceição.

á consegue assinar o nome, mas a conquista não foi fácil. “Aqui é a primeira escola que me matriculei”, diz. Ele informa que quer apenas completar o ensino médio, porque sua meta é tirar a carteira de habilitação.

Estudar ou trabalhar

Para muitos, a necessidade de trabalhar acaba se tornando obstáculo para o estudo. Foi o caso de Antonilda Cabral, também no primeiro ciclo da EJA da Escola Terezinha Miguéis.

Sua história é um pouco diferente, e mesmo assim merece destaque. Em Cruzeiro do Sul, cursou até a 8ª série. Mas a escola pegou fogo e ela ficou sem os registros de que estudou, tendo que começar tudo de novo. Aos 16 anos, se dirigiu para Rio Branco.

Na capital, chegou a estudar dois anos na Escola Diogo Feijó, no bairro Floresta, mas teve que optar entre trabalhar e estudar. Depois, precisou se dedicar à criação dos filhos e cuidados com a casa. No início deste ano, Antonilda tomou a decisão de retomar os estudos do zero.

A inspiração veio quando foi fazer a matrícula de uma das filhas na faculdade e observou que ali havia muitas pessoas com idade avançada. “Foi nesse momento que tive vontade de voltar a estudar, de fazer algo por mim mesma”, lembra.

Agora alimenta um sonho: ao concluir o ensino médio, pretende cursar uma faculdade.

 

Texto e foto: Stalin Melo