Professores do Rio Grande do Norte participam de curso sobre Letramento Étnico-Racial 

Rio Grande do Norte

03.09.2025

Teve início nesta quarta-feira (3), em Natal, o curso de extensão “Letramento Étnico-Racial: Tecendo saberes, experiências e conhecimentos necessários para a formação docente na perspectiva das políticas de ações afirmativas”, promovido pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação em Gênero e Diversidade (NEGEDI) do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN). A iniciativa conta com a parceria da Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e do Lazer (SEEC), entre outras instituições. Doze professores da rede estadual estão matriculados no curso.

Voltado para professores da rede pública, especialmente aqueles que atuam em comunidades indígenas, quilombolas e da educação do campo, além de educadores populares e estudantes de licenciatura em fase final do curso, o projeto busca fortalecer a formação docente a partir de uma perspectiva decolonial e afrocentrada. Entre os temas abordados estão relações étnico-raciais, diversidade, políticas afirmativas e legislação educacional.

A abertura contou com a presença da secretária de Educação do RN, Socorro Batista, que destacou a importância da formação como instrumento de transformação social. “A escola tem um papel fundamental na superação do racismo estrutural. Apoiar iniciativas como esta significa reafirmar o compromisso do Governo do Estado com uma educação inclusiva, plural e promotora da equidade”, afirmou.

Coordenadora da ação, a professora Maria do Socorro da Silva, do IFRN, ressaltou o caráter multiplicador da iniciativa. “Os professores que participam do curso têm a oportunidade de multiplicar os conhecimentos adquiridos. Promover essa formação é fundamental para que possam combater o racismo e, ao mesmo tempo, fortalecer o reconhecimento de si mesmos como pessoas negras — professores e professoras negras. O conhecimento é uma arma poderosa nessa luta, que precisa ser assumida por toda a sociedade”, disse.

A professora Roberta Soares da Silva Pereira, que atua no Ensino Médio do CEJA Professora Lia Campos, destacou a relevância de participar do curso. “Como mulher negra, tenho muito orgulho da minha raça e da representatividade que posso exercer. Quando soube do curso nos grupos da faculdade, me senti motivada justamente por isso: pela possibilidade de aprofundar o letramento racial e abrir novos horizontes para os nossos alunos”. Ela finaliza: “Quero, especialmente, levar para a sala de aula literaturas indígenas e africanas da melhor forma possível, para que meus alunos aprendam mais sobre essas produções, se reconheçam nelas e ampliem seus horizontes”, afirmou.

Com carga horária de 60 horas, o curso será realizado até dezembro, de forma híbrida (presencial e online), e prevê a realização de minicursos, oficinas e produção de materiais pedagógicos. As atividades estão alinhadas ao pensamento freiriano, valorizando metodologias participativas e dialógicas.

O projeto reforça as ações de políticas afirmativas no estado e atende ao que preveem as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, além do Decreto 470/2024, que instituiu a Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola.