Projeto Meninas Mineiras nas Ciências Exatas da Universidade Federal de Lavras realiza ações com escola estadual

Minas Gerais

12.07.2023

As mulheres representam 43% dos pesquisadores científicos no Brasil, segundo dados do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Elas são maioria na área de Saúde e Línguas, Letras e Artes. No entanto, são apenas 26% das pesquisadoras na área de Ciências Exatas, como, por exemplo, engenharia. Um projeto realizado em Lavras, no Sul de Minas, tem colaborado para que mais jovens brasileiras do ensino público se interessem por esse caminho.

Realizado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), o projeto de extensão “Meninas Mineiras nas Ciências Exatas” realizou ações dentro da Escola Estadual Firmino Costa, com cerca de 30 alunas selecionadas que foram estimuladas a debater sobre a presença feminina na área chamada STEM, sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharias e Matemática.  

Entre as ações que ocorreram tanto na escola quanto no campus universitário, estão rodas de conversas, oficinas de programação e do uso da Matemática na Medicina e apresentações das Equipes Troia e Zeus, como exemplos de aplicação das Ciências Exatas na robótica. 

Com 17 anos, a estudante do 1° ano do ensino médio, Evelyn Lasmar Freire, conta que a experiência abriu uma janela de possibilidades. Ela sempre se interessou por mecânica, já que acompanhava o pai em diversas oficinas de carros. “Tirei muitas dúvidas com as pesquisadoras sobre a Engenharia Mecânica. Fomos ao laboratório e fiquei maravilhada e com certeza essa será uma das minhas opções no futuro”, conta a aluna.

A estudante do 3° ano do ensino médio, Lucélia Luisa Vidal, de 18 anos, se interessou pela área tecnológica. “Conhecemos vários espaços de pesquisas dentro dos cursos de exatas. O que mais gostei foi de Estatística e Biomatemática. Antes não me via nessas áreas, mas hoje já me pego pensando nessas escolhas. Fui, de certa forma, influenciada pelas conversas com as pesquisadoras da Ufla que nos passaram sobre teoria, prática e sobre suas vivências. Hoje consigo me ver neste espaço”, pontuou Lucélia.  

A professora de Matemática da Escola Estadual Firmino Costa, Lilian Flaviane de Deus, foi orientadora e ponto focal do projeto na unidade de ensino. Ela foi a responsável por indicar as alunas que participaram das ações. “Levá-las ao campus da universidade para conhecer os laboratórios foi especial. Muitas nunca tinham ido à Ufla e ficaram maravilhadas. É essencial este incentivo, as mulheres são muito desacreditadas ainda, principalmente no campo acadêmico”, conta a professora Lilian que vai levar o projeto também para a Escola Estadual João Batista Hermeto, de ensino médio em tempo integral (EMTI), onde também leciona. 

A professora conta, ainda, que três estudantes foram selecionadas para receber bolsas de estudos. “Inicialmente, eu selecionei três alunas, que se tornaram bolsistas e receberam um apoio financeiro. Mas deixamos a porta aberta para que outras estudantes pudessem participar também, mesmo sem bolsa. Dessa forma, todas que se interessaram tiveram a oportunidade de participar das ações. Na escola, as atividades eram direcionadas para toda a turma, independente do gênero”, conta Lilian. O Projeto foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A coordenadora geral do Projeto e professora do Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas (Icet/UFLA) Amanda Castro Oliveira reforça esses impactos positivos na realidade dessas meninas lavrenses. “Observamos uma alegria muito grande a primeira vez que nós trouxemos as estudantes aqui na Universidade. A emoção e a possibilidade de reconhecer o local como um espaço destinado a elas também. Na primeira ação que nós fizemos, elas estavam mais tímidas, caladas. À medida que as ações vão acontecendo, a gente tem observado que elas têm feito perguntas, que elas têm se envolvido mais. A gente espera que, de fato, isso contribua para o interesse delas para a área de ciências exatas e para uma futura escolha pela Universidade”, ressalta a coordenadora, Amanda.