Projeto de escola estadual de Paraty visa ao reflorestamento de parte da Mata Atlântica

Rio de Janeiro

20.10.2025

São pequenas ações que podem impactar positivamente as futuras gerações. Alinhado com o conceito de preservação, o Colégio Estadual Almirante Álvaro Alberto, de Paraty, na Região Sul Fluminense, desenvolve um projeto de revitalização de parte da Restinga de Mambucaba, em área de Mata Atlântica, na Costa Verde do estado. A iniciativa é fundamental para o local e para os estudantes, preocupados com a integridade e o equilíbrio ambiental das regiões costeiras, uma das mais ameaçadas do planeta.

— Sempre estimulei a minha equipe de forma a impactar positivamente nas ações da escola. Como estamos inseridos dentro da Mata Atlântica, nada mais coerente que formar nossos alunos para preservação e ensiná-los a trabalhar a sustentabilidade de forma prática, causando impactos positivos para eles e para a comunidade na qual estão inseridos — destaca Sheila Karla Azevedo Paniagua, diretora-geral da unidade escolar desde março de 2014.

A ação relacionada ao reflorestamento da Mata Atlântica começou em 2018, quando a comunidade escolar decidiu, em conjunto, mudar o Projeto Político Pedagógico da escola para a temática da sustentabilidade, levando em conta o espaço em que vivem. Desta forma, foi colocado o desafio de despertar nos estudantes a vontade de trabalhar, cuidar e preservar o ambiente.

— Esse trabalho traz mais confiança para nós, pois vemos a plantação e tudo o que acontece nessa atividade. A gente costuma plantar árvores, e também tem várias verduras, vários temperos também. É legal ver que muito do que comemos é produzido por nós. Faz bem para a saúde e para a comunidade — afirma a aluna Ana Beatriz, que cursa a 3ª série do Ensino Médio e também é voluntária no projeto.

Dentre os principais objetivos desta iniciativa, destacam-se a revitalização florística de espécies nativas das restingas brasileiras, com o intuito de permitir e proporcionar condições de reingresso ou permanência da fauna; a implantação de uma política de utilização organizada e racional do local (com caminhos de acesso à praia bem definidos, placas educativas, locais de coleta de lixos), integrando atividades de recreação e acadêmicas, com a preservação e monitoramento ambiental.
 

O projeto também visa garantir um banco genético vivo, com extração de sementes e brotos para reflorestamentos posteriores; além de utilizar o reflorestamento como ferramenta pedagógica prática multidisciplinar, incentivando novas pesquisas e projetos.

— Uma das grandes mudanças que vemos nesses jovens é o interesse maior pela aula e o próprio cuidado com o lugar onde eles moram, aprendendo a respeitar onde vivem. Integrados com a comunidade, mostramos a importância de se interagir e não depredar o meio ambiente. E também comentamos muito sobre agroecologia e sustentabilidade, principalmente com os povos originários existentes na região — conta Luiz Monteiro, professor de Biologia da escola.

Atualmente, o colégio possui uma horta de quase 400 metros e um horto com produção de mudas que, com a participação dos alunos do Ensino Médio, crescerão no local. Desde 2019, foi iniciado o plantio de palmito no espaço, usado na merenda escolar. Todos colaboram com o dia a dia. A unidade possui plantações de alface, cenoura, jiló, abóbora, chuchu, hortelã, manjericão, palmito e pimenta. Em breve, está previsto o cultivo de frutas.

— Estou no último ano do Ensino Médio e participo desde o 6º ano do Ensino Fundamental. Isso tudo me ajudou muito. A interação é muito grande. Fomos influenciados na escola para poder reflorestar e plantar vários tipos de espécies. É muito especial ver esse projeto crescer e, literalmente, florescer — comenta Lucas Barros, aluno da 3ª série e também voluntário do projeto.
 

A inserção dos estudantes na temática de preservação ambiental, uma das razões do sucesso desta atividade, não se resume apenas ao componente acadêmico e ao trabalho de campo. Parte das ações é divulgada por meio de redes sociais pelos próprios estudantes, com o intuito de explicar e conscientizar sobre a importância dessa iniciativa.

— A gente trabalha neste projeto com muita alegria, com a participação de todos. Nós participamos do processo desde o início, fazemos o plantio e a manutenção, e acabamos vendo o resultado, que traz muitos benefícios para nossa alimentação — ressalta Marcos Paulo, voluntário do projeto e aluno da 3ª série do Ensino Médio da unidade.

Com isso, toda a operação visa à promoção de melhorias com ações de sustentabilidade. Assim, o reflorestamento promove conservação e regulação do sistema hidrológico e o combate a mudanças climáticas, além da conservação de solo.

— É muito importante termos cidadãos formados para executarem projetos que proporcionem qualidade de vida. As ações desenvolvidas por toda a equipe pedagógica têm feito a grande diferença na formação de nossos alunos. Este trabalho realizado pela escola é uma oportunidade para promover mudanças significativas no planeta e proporcionar uma aprendizagem mais consolidada para todas as crianças e jovens — diz a secretária de Estado de Educação, Roberta Barreto.

Foto: Ellan Lustosa